por:
Leandro Miranda
Se a sensação nas ruas de São Luís é de
medo, diante da onda de violência e da decisão do sindicato dos ônibus
de impedir a circulação dos coletivos, a temperatura também deve subir
no campo político. Em entrevista exclusiva ao 247, o pré-candidato ao
governo estadual, Flávio Dino, afirmou que já existem condições
jurídicas para uma intervenção federal no Maranhão. “Dois casos que
permitem intervenção são o comprometimento da ordem pública e o
desrespeito aos direitos humanos”, diz Dino. “Por muito menos, houve
intervenção no Espírito Santo”.
Dino, que é presidente da Embratur e
filiado ao PCdoB, se refere à intervenção ocorrida em 2002, no governo
FHC, que atingiu seu aliado José Ignácio, também tucano, e que se
mostrava incapaz de combater o crime organizado no Estado. Doze anos
depois, no Maranhão, a situação seria ainda mais grave, segundo Dino.
“No presídio de Pedrinhas, 60 pessoas morreram no ano passado e outras
duas foram mortas neste ano”, afirma ele.
O político também classifica como
“irresponsável” a declaração do ex-presidente José Sarney, que teria
rotulado a crise como “briga de bandidos”, que ocorreria dentro dos
presídios. “Nos presídios, estão sendo mortos, os presos mais fracos, os
mais frágeis. Fora deles, a população está sendo atacada e agora ficou
sem transporte público, impedida de retornar ao lar depois do trabalho”.
Dino diz que a crise da segurança
pública no Maranhão é estrutural. “É o estado com menor número de
policiais por habitante em todo o País. Aqui, existe um policial para
cada 800 habitantes, quando a média nacional é de 1 para 415″, afirma.
“Ou seja, é quase a metade”. A consequência natural, diz ele, foi o
aumento da violência. Dino afirma que o número de homicídios em São Luís
foi 630 para 800 entre 2012 e 2013.
Ele também afirma ainda que a crise na
segurança é apenas “a ponta de um iceberg” muito maior. “O descalabro
atinge todas as áreas da administração: a saúde, a educação, a
infraestrutura, tudo”, diz ele. “Ou seja, reflete o fim de um ciclo, o
esgotamento de uma estrutura de poder que transformou o Maranhão no
estado com os piores indicadores sociais do País”.
Líder nas pesquisas para o governo
estadual, ele afirma que a crise atual amplia o desconforto na relação
entre PT e PMDB. “Como a base do PT irá apoiar essa administração, que
não consegue garantir direitos humanos básicos?”, indaga. Dino lembra
ainda que, assim como a família Sarney, ele também integra a base aliada
e que o PCdoB apoia o PT em vários outros estados.
O apoio à família Sarney, no entanto,
tem sido sempre uma condição imposta pela cúpula do PMDB para garantir a
aliança com o PT nas eleições nacionais. Desta vez, no entanto, o caldo
pode estar prestes a entornar.
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