Começa hoje
(24) e vai até sexta-feira (28), no Pará, uma campanha de combate ao
escalpelamento – que ocorre quando as vítimas têm cabelos, orelhas e outras
partes do rosto arrancados quando os cabelos se enroscam no eixo dos motores
das embarcações durante o transporte em rios. A mobilização quer alertar a
população ribeirinha sobre os riscos desse acidente, comum na região amazônica.
Entre as
ações da campanha, a promotora de Justiça Suely Catete, da Comissão de
Erradicação dos Acidentes com Escalpelamento no Pará, destaca o trabalho
direcionado aos barqueiros, para incentivar a cobertura do eixo do motor das
pequenas embarcações.
Segundo ela,
a Marinha fornece essas coberturas de forma gratuita. "Só que,
infelizmente, muitos não aceitam ou aceitam e depois retiram porque acham que dificulta
a retirada de água nas pequenas embarcações.
O
escalpelamento ocorre quando o eixo de um barco, em rotação, enrosca os cabelos
de uma pessoa, arrancando-os bruscamente. Em muitos casos, além de ter os
cabelos arrancados, a vítima sofre lesões nas orelhas e sobrancelhas. Segundo a
promotora, só no primeiro semestre de 2015 o Pará registrou seis acidentes como
esse.
"A
última ou a penúltima vítima foi uma criança, a avó estava sentada perto do
motor e resolveu deitar a cabeça da criança com o cabelo solto. Aí achou que
nunca ia acontecer. Esse é o grande problema: as pessoas acham que nunca vai
acontecer", disse Suely.
Há quatro
anos, a assistente social Maria Cristina dos Santos apoia uma organização não
governamental que atende a ribeirinhos vítimas de acidentes com motor, a Orvam.
Para ela, o maior problema enfrentado pelas mulheres escalpeladas é o
preconceito.
"Às
vezes, os familiares abandonam essas mulheres, essas crianças. Há maridos que
abandonaram suas mulheres, namorados que abandonaram as namoradas. Aquela
mulher já passou por uma situação tão delicada e ainda foi abandonada pela
família, que não teve estrutura emocional para superar junto com a mulher esse
problema. isso é o mais dolorido", explicou.
A Orvam
recebe doações de cabelos para a confecção de perucas, que são repassadas
exclusivamente a mulheres vítimas de escalpelamento. As doações podem ser
enviadas à sede da Orvam, na Avenida João Paulo Segundo, Lote 134, Bairro
Castanheira, em Belém, no Pará.
Fonte: Agência Brasil
Fonte: Agência Brasil
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