10/03/2012

Miro: manipulação e intriga na morte de Herzog


Por Conversa Afiada

Saiu no Tijolaço:

Miro: manipulação e intriga na morte de Herzog


O deputado Miro Teixeira, do PDT, obteve e divulgou no site Lei dos Homens uma foto e uma carta que mostram que o “suicídio” do jornalista Vladimir Herzog, nos cárceres do DOI-Codi paulista,  além de uma manipulação grosseira  serviu, também, para intrigas e disputas de poder dentro do aparelho repressivo da ditadura.


Na foto, fica evidente a montagem da cena. O ponto onde o cinto que alegadamente teria produzido o enforcamento estava fixado numa altura inferior à estatura do jornalista, mas  havia, além de uma cadeira – que já aparece na foto oficialmente divulgada -  barras de grade a uma altura bem superior, o que certamente seria usado por alguém que tivesse a intenção de se suicidar.


Mas é a carta que comprova que o assassinato de Herzog serviu para a disputa que se travava nos porões do regime. Nela, o general Newton Cruz, à época chefe da Agência Central do Serviço Nacional de Informações, encaminha ao chefe do SNI, o futuro presidente João Baptista Figueiredo, um panfleto que usava esta foto – jamais publicada nos jornais e, portanto, obtida diretamente dos registros dos procedimentos internos da repressão sobre o caso – onde ele, Cruz, é chamado de “traidor” e “cachaceiro”, além de “convidado” a enforcar-se também.


Newton Cruz afirma que o fato da foto ter sido retirada da documentação secreta, “até prova em contrário, o meu detrator ou os meus detratores pertencem ao CIE (Centro de Informações do Exército, órgão criado por Costa e Silva para fazer o trabalho mais “sujo”) ou – e ele acrescenta à mão, provavelmente para não dar conhecimento ao datilógrafo – da própria Agência Central do SNI, que ele chefiava.


Ao encaminhar o panfleto com a reprodução da foto não divulgada, Cruz tem o cuidado de assinalar a rubrica (ilegível) do responsável pela montagem do inquérito, dando a entender que seu nome tinha alguma significação especial.


É esse tipo de crime que o nosso Supremo Tribunal Federal considerou fora de possibilidades de uma investigação criminal.  Mas que, em boa hora,  as iniciativas do Ministério Público e, sobretudo, a Comissão da Verdade vão ter a missão de aclarar, em toda a sua brutalidade e crueza, ante os olhos do povo brasileiro.

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