17/12/2011

Morre Jõazinho Trinta



Centenas de pessoas, entre políticos, amigos e até turistas, já passaram pelo velório do carnavalesco João Clemente Jorge Trinta, conhecido como Joãosinho Trinta, Museu Histórico e Artístico do Maranhão, em São Luís, segundo seu assessor de imprensa.
O carnavalesco morreu neste sábado (17) por volta das 11h em São Luís. Ele tinha 78 anos e estava internado desde o dia 3 deste mês, em estado grave.
O corpo de Joãosinho chegou às 16h. De acordo com Biné Gomes, assessor do carnavalesco, diversas autoridades enviaram coroas de flores ao museu, incluindo a presidente Dilma Rousseff e o presidente do Senado, José Sarney.
Entre as autoridades presentes estão secretários do governo estadual. A governadora Roseana Sarney deve comparecer ao velório no domingo, informou Gomes.
Ainda de acordo com ele, artistas da cultura local, incluindo representantes da Associação Maranhense de Blocos Carnavalescos, também estiveram no local, além de dezenas de fãs de Joãosinho Trinta.
Além disso, "muitos turistas que estão na cidade e ouviram a notícia na televisão, do Rio Grande do Norte, Alagoas, Manaus" compareceram ao museu, de acordo com o assessor.
O museu fica no centro histórico de São Luís.
Sepultamento
Segundo o assessor de imprensa de Joãosinho, o sepultamento deve ocorrer às 10h da segunda-feira (19). O corpo será velado no Museu Histórico e Artístico do Maranhão entre sábado e domingo. No domingo, está prevista uma missa às 10h30 e um culto às 13h30. À noite, parte um cortejo para o Teatro Arthur Azevedo, no centro da cidade. Na segunda, o enterro deve ocorrer no cemitério do Gavião.
"Ele vai ser enterrado com a roupa, um terno branco, que ele usaria para ser homenageado pela Beija-Flor. Ele viria no último carro", disse Biné Gomes, assessor de Joãosinho. O enredo 2012 da Beija-Flor é sobre o Maranhão.
Estado grave
O Hospital UDI, em São Luís, informou que o carnavalesco morreu às 9h55 horário local (10h55 de Brasília), em razão de um choque séptico, infecção generalizada, e apresentava quadro de pneumonia e infecção urinária.
Até esta sexta, ele estava com um "quadro de insuficiência respiratória e sepse, evoluindo com instabilidade hemodinâmica". A cirurgia a que ele se submeteria na sexta havia sido descartada no final da tarde.
A carreira do carnavalesco Joãosinho Trinta
João Clemente Jorge Trinta, conhecido como Joãosinho Trinta, nasceu em São Luís, em 23 de novembro de 1933. Trabalhou como escriturário na capital maranhense até se mudar para o Rio de Janeiro, em 1951, onde fez dança clássica no Teatro Municipal e montou peças como “O Guarani”, de Carlos Gomes, e “Aida”, de Giuseppe Verdi.
Ele começou a carreira de carnavalesco no Salgueiro, como assistente de Fernando Pamplona e Arlindo Rodrigues. Joãosinho foi campeão em 1965, 1969 e 1971. Dois anos depois, em 1973, ele assume como carnavalesco da escola de samba e fez parceria com a artista plástica Maria Augusta. Com o enredo “Eneida: amor e fantasia” eles conquistaram o terceiro lugar no carnaval do Rio de Janeiro.
No ano seguinte, em 1974, ele iniciou carreira solo e faturou o título daquele ano pelo Salgueiro, com o enredo "O Rei de França na Ilha da Assombração". A segunda conquista aconteceu em 1975 com o trabalho "O Segredo das minas do Rei Salomão."
Joãosinho Trinta saiu do Salgueiro após problemas com a diretoria da escola de samba e seguiu para a Beija-Flor, onde teve uma carreira de sucesso e de títulos com o parceiro figurinista Viriato Ferreira.
Com ousadia e enredos luxuosos, Joãosinho Trinta passou a ser chamado de gênio e reinou no Rio de Janeiro conquistando os títulos do carnaval de 1976, 1977, 1978, 1980 e 1983. Ele ainda teve destaque com dois trabalhos carnavalescos que ficaram com a segunda colocação, em 1986 e em 1989.
27 de fevereiro de 2006 - Afastado do Carnaval desde 2004, em razão de um derrame, Joãosinho apareceu na Marquês de Sapucaí em um carrinho motorizado junto a outros cadeirantes no desfile da Vila Isabel, escola campeã daquele ano (Foto: Dida Sampaio/AE)Joãosinho em 2006, afastado do Carnaval havia
dois anos em razão de um derrame, apareceu na
Marquês de Sapucaí em um carrinho motorizado
junto a outros cadeirantes no desfile da Vila Isabel,
escola campeã  (Foto: Dida Sampaio/AE)
Censura
O trabalho “Ratos e urubus, larguem a minha fantasia” criou polêmica com a Igreja Católica por colocar na Sapucaí um carro alegórico com o Cristo Redentor vestido como mendigo, em 1989. A imagem foi censurada e, sem perder a criatividade, Joãosinho Trinta resolveu cobrir o Cristo com plástico preto e a inscrição: “Mesmo proibido, olhai por nós.”
Joãosinho também venceu os carnavais do grupo de acesso com o Império da Tijuca, em 1976, e Acadêmicos da Rocinha, nos anos de 1989, 1990 e 1991. Pela Unidos do Peruche, ele também teve uma passagem em 1989 e em 1990.

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