Blog do Altamiro Borges
Por Fábio M. Michel, na Rede Brasil Atual:
Em entrevista transmitida ao vivo pela internet na noite de sexta-feira (9), o jornalista Amaury Ribeiro Júnior deu detalhes de algumas das operações financeiras fraudulentas que descreve em seu livro, "A Privataria tucana". A obra trata de desvios de recursos durante as privatizações de empresas públicas no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Sobre o episódio em que foi acusado de montar dossiês contra lideranças do PSDB durante a eleição de 2010, o jornalista reiterou a versão apresentada à época, de que houve "fogo amigo" dentro do próprio PT.
Ribeiro Júnior foi entrevistado, por cerca de três horas, pelos jornalistas Renato Rovai, Rodrigo Viana, Luis Nassif, Luiz Carlos Azenha, Gilberto Maringoni, Conceição Lemes, Altamiro Borges e outros.
Para o autor, as privatizações do período tucano tiveram um único propósito: "Foi para algumas pessoas enriquecerem, acumular fortuna pessoal. Não teve nada a ver com progresso, bem do país, nada disso". Segundo ele, José Serra, ex-governador de São Paulo e candidato derrotado à Presidência da República em 2002 e 2010, foi um dos principais beneficiários das "maracutaias" financeiras da venda de estatais.
O teor do livro reforça sua convicção. "Mais da metade do livro é documento, não é texto (opinativo). E são documentos disponíveis pra consulta aberta, não tem nada conseguido com sigilo, estão na Polícia Federal."
O jornalista disparou diversas críticas à imprensa que, segundo suas investigações, mantém laços financeiros com grupos econômicos e políticos. "O (banqueiro) Daniel Dantas é sócio da Abril, manda na Veja", acusou. Também avaliou o papel que setores da mídia desempenharam na campanha presidencial de 2010 - "A imprensa foi canalha com a Dilma."
Para Ribeiro Júnior, o despreparo de grande parte dos jornalistas do país contribui para que esquemas de lavagem de dinheiro passem praticamente despercebidos do grande público. "Não é fácil seguir o caminho do dinheiro. As leis dos países facilitam a existência de paraísos fiscais e de empresas offshore. O público só se interessa quando aparece dinheiro em cofre, dentro de meias ou de cuecas. Mas isso é insignificante perto do que essa gente do poder faz."
O jornalista disse esperar que seu livro contribua para que sejam criados mecanismoss para regular o mercado financeiro mundial "Tem acabar com parcerias de empresas brasileiras com entidades off-shore, operações casadas em bolsa de valores, poder abrir empresas em paraísos fiscais e operar em outros países. Enquanto isso não acontecer, o crime organizado vai sempre nos vencer."
Fogo amigo
Ribeiro Júnior reiterou a versão apresentada durante a campanha eleitoral de 2010 de que foi vítima de uma disputa interna no PT quando foi acusado de ter forjado dossiês contra lideranças do PSDB. À época, circularam declarações de imposto de renda de tucanos que teriam envolvido quebra de sigilo junto à Receita Federal.
O jornalista atribuiu ao deputado estadual Rui Falcão (PT), atualmente presidente do PT, que disputava espaço dentro da campanha com Fernando Pimentel, hoje ministro do governo Dilma, a origem da acusação. Em abril deste ano, Rui Falcão chegou a ingressar na Justiça com queixa-crime contra Amaury Ribeiro Júnior.
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