Por Natal Marques
Trabalho no setor elétrico jaz faz um tempo. Tempo demais até. Nesse lapso, os últimos quatro anos, diretamente com o setor de transmissão mais precisamente na área de manutenção, ou seja, enfrento os problemas do dia-a-dia com ferramentas nas mãos. Quando ocorre um fato entempestivo, um desligamento, o que o popular chama de apagão, fico ouvindo o que a imprensa tem a dizer sobre o assunto. E aí é um festival de obtusidades técnicas. A maioria dos especialistas que aparecem para dar entrevistas são professores, teóricos; quando partimos para a parte prática percebemos que especular é muito fácil.
A necessidade que a imprensa e a oposição ao atual governo tem de ligar fatos desconexos é impressionante. Tecnicamente só se aponta uma causa de um fato como esse depois de análises de relatórios disponíveis por equipamentos que monitoram outros equipamentos quando esses falham, e uma coisa é praxe: ninguém opina sobre o assunto sem uma análise detalhada. E isso não é por medo de errar, é por conta das muitas variáveis que o evento suscita.
As explicações não são convincentes. O erro da imprensa é o mesmo erro do governo. Não há um técnico para dar as devidas explicações. Ao Ministro, não se questiona a capacidade administrativa, mas a capacidade técnica é, indiscutivelmente, frágil.
A usina de Itaipu é uma das maiores do mundo. Seu corpo técnico é reconhecido como um dos mais diligentes da América Latina. E em um investimento como tal não poderia ser diferente. Mas é um sistema controlado por humanos, e esses são falhos. E além de todo o cuidado, a engenharia não tem a natureza nas mãos, não há como prever o que irá ocorrer amanhã com as condições climáticas; pode-se dizer: "Vai chover amanhã" mas qaundo e onde exatamente, em que intensidade? Qual a corrente que será provocada por uma descarga elétrica? Qual a voltagem dessa descarga? São perguntas que nunca terão respostas.
Política é política. Eletricidade é eletricidade. As duas só se ministuram quando olhamos que o Brasil é um país com dimensões continentais que detem hoje um sistema quase que totalmente inteligado, seguro e inteligente, comandado por despachos locais subsidiários de um despacho nacional que monitora todo o país em um sistema de comunicação moderno de altíssima velocidade e totalmente independente das pseudo-comunicações disponíveis para nós que pagamos caro a concessionárias e só nos chateamos.
O apagão mental da imprensa tem uma capa de direitismo e rancor, todos sabem. O que falar sobre uma questão técnica sendo tratada por Alexandre Garcia? A imprensa, desde sempre, tem a quem servir. A mídia independente é escamoteada e reprimida. O jornalismo perdeu a graça, ou pior, caiu em desgraça. A desgraça da qualquer coisa, qualquer notícia, qualquer fato que possa fazer fumaça.
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