O campeão voltou, cantou o Maracanã em catarse desde os primeiros
minutos da final da Copa das Confederações. Apoiado por mais de 73 mil
vozes, o Brasil de Luiz Felipe Scolari desconstruiu a grande Espanha da
história com uma apresentação tática brilhante, com placar de 3 a 0.
Diante do time mais vencedor dos últimos anos, ressurge o melhor do
futebol nacional no tetracampeonato do torneio da Fifa. Fred, duas
vezes, e Neymar garantiram a festa dos donos da casa.
Vencedora das duas edições anteriores, a seleção estabelece assim um
domínio na Copa das Confederações. O título de 2013 diante do público no
próprio país se junta à galeria do futebol nacional ao lado das taças
trazidas do exterior, de 1997, 2005 e 2009.
O Brasil descontruiu o estilo espanhol de dominar a partida, com
marcação pressão na linha de intermediária de ataque. Até Fred combatia a
saída de jogo dos rivais, forçando erros de passe tolos para a equipe
que recentemente reeducou o futebol a respeito do tratamento de bola.
Favoritos diante da seleção da casa em nove entre dez prognósticos, a
Espanha de Xavi e Iniesta não conseguiu impor contra Luiz Gustavo e
companhia o estilo de supremacia de posse de bola, sem empurrar a ação
até a área adversária. Os europeus se irritaram com a incapacidade de
estabelecer seu ritmo e ainda foram contidos por faltas estratégicas no
nascimento de algumas jogadas.
O Maracanã enfrentou uma espécie de abalo sísmico esportivo logo no
primeiro minuto de jogo, quando Fred conseguiu empurrar para as redes em
um lance confuso na área. O atacante finalizou na frente de Casillas,
mesmo deitado, e correu para abraçar a galera.
Com 95 segundos, o gol de Fred vira o segundo mais rápido da história
em finais dos torneios da Fifa, atrás apenas da anotação do holandês
Neeskens na decisão do Mundial de 1974 (85 segundos).
Ainda antes do intervalo, em um espaço de quatro minutos, os
brasileiros que tiveram o privilégio de viver a decisão dentro do
Maracanã vibraram com dois gols, um de verdade e outro “moral”.
Primeiro, quando David Luiz se atirou numa bola que já tinha passado
por Julio Cesar, em definição de Pedro após contra-ataque veloz
espanhol. O zagueiro mandou o gol de empate quase certo para escanteio e
ouviu o estádio entoar seu nome.
Quase na sequência, Neymar enfim conseguiu o selo para ir de vez ao rol
de grandes craques da seleção. O camisa 10 foi acionado na esquerda,
passou para Oscar e recebeu de volta. O truque tirou a marcação da
frente do ídolo, que fuzilou Casillas em um arremate alto e potente. Um
belo cartão de visitas para o país onde exibirá seu jogo em questão de
semanas.
O título brasileiro se cristalizou de vez cedo, logo aos 2min do
segundo tempo, em uma jogada coletiva brilhante do ataque. Hulk projetou
a bola na esquerda, Neymar deixou passar e finalmente Fred bateu
colocado para vencer Casillas mais uma vez.
A Espanha parecia ter uma chance de mexer com o jogo aos 9min, quando
Marcelo cometeu pênalti infantil em Jesus Navas. Julio Cesar acertou o
canto escolhido pelo zagueiro Sergio Ramos, mas não precisou nem esticar
a mão, bastou ver a bola sair pela linha de fundo em uma péssima
cobrança.
Esta foi a história do jogo mais importante do novo e querido Maracanã.
Houve quem reivindicasse a mudança do status de país do futebol, numa
viagem pelo Atlântico da América do Sul até a Europa. Fernando Torres,
por sua vez, chegou a dizer antes da final que a Espanha era o “Brasil
do presente”, em referência aos tempos dourados de Pelé. Mas talvez sua
equipe seja apenas uma grande Espanha, campeã mundial, bicampeã
europeia, mas que ainda não consegue se impor contra o país mais
vencedor dos torneios da Fifa.
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