18/01/2013

HISTÓRIA DE IMPERATRIZ: "REVOLUÇÃO DE JANEIRO" COMPLETA 18 ANOS.

A manifestação ou revolta que levou às ruas mais de 30 mil pessoas na segunda maior cidade do Maranhão é pouco lembrada pelas elites políticas de Imperatriz e pelos que participaram dela. Triste constatar ainda: é uma página da história da cidade totalmente desconhecida pelos mais jovens, aqueles que na época eram crianças ou que ainda não haviam nascido. O Movimento de Janeiro de 1995, conhecido como “Revolução de Janeiro”, ou “Revolução Cidadã”, completa hoje 18 anos. A insatisfação das classes pensantes da cidade e depois do próprio povo, começou em Outubro de 1994, logo após o assassinato do prefeito Renato Cortez Moreira, o que culminou com a revolta três meses depois. Salvador Rodrigues Renato Moreira As investigações chegaram à conclusão que aconteceu um "consórcio" para a eliminação do prefeito, complô liderado por pessoas próximas de Renato, entre elas o vice-prefeito Salvador Rodrigues, que foi chorar no velório, mas logo assumiu a cadeira do morto. Salvador chegou a ser preso, mas foi solto depois, ficando a revolta da população que se agravou logo em seguida com seu péssimo desempenho à frente da municipalidade. A polícia federal concluiu as investigações constatando que Renato já era um refém de uma verdadeira quadrilha, desde a sua eleição, desvios de recursos aconteceram durante sua administração e depois dela com a ascensão do vice Salvador Rodrigues. A revolta que afastou o então prefeito Salvador Rodrigues do comando do município foi gestada com muita discussão, debate, várias reuniões, duas passeatas anteriores – uma que fez o enterro simbólico da Câmara e outra em que centenas de pessoas levaram o seu lixo e depositaram na porta da prefeitura – e até ações na Justiça que sequer foram apreciadas por esta. O movimento começou com as discussões de um grupo denominado Movimento Fagulha, composto pela professora Conceição Formiga, este jornalista, Valter Rocha, José Cortez Moreira, o "Moreirinha", e os vereadores Valdinar Barros e Simplício Zuza Neto, entre outros.
Por sua vez, o advogado Ulisses Azevedo Braga criava o Fórum da Sociedade Civil Organizada, juntamente com empresários, advogados e outros representantes de classes. Os serviços públicos desativados, salários do funcionalismo atrasados e, finalmente , a paralisação do recolhimento do lixo, tornaram a situação insustentável, Salvador estava com seus dias contados na cadeira de prefeito que havia usurpado.
A revolta explodiu numa grande manifestação que parou a cidade, depois que seus organizadores juntaram o Movimento Fagulha com o Fórum, ficando a entidade com este segundo nome e suas lideranças conseguiram convencer a maioria da imprensa, as entidades de classe, partidos políticos (mesmo mantidos à distancia) e a população, que veio como numa onda avassaladora, pacífica, mas disposta à luta, caso houvesse uma reação para manter no governo um (vice) prefeito corrupto e incompetente que havia participado de uma trama para matar o prefeito Renato Moreira, assassinado no dia 6 de outubro de 1994. A manifestação que levou às ruas mais de 30 mil pessoas na segunda maior cidade do Maranhão é pouco lembrada pelas elites políticas de Imperatriz e pelos que participaram dela. div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Triste constatar ainda: é uma página da história da cidade totalmente desconhecida pelos mais jovens, aqueles que na época eram crianças ou que ainda não haviam nascido. Só para se ter uma idéia, um jovem de 20 anos, hoje na universidade, naquela ocasião tinha apenas três anos de idade. Como ele poderá saber desse momento histórico se não lhe for contado? Se não lembramos sequer da nossa história, o que será de nós? A “Revolução de Janeiro” não deveria ser esquecida, pois ela representa um marco na história da cidade, o fim de uma era de desmandos administrativos, o afastamento do cenário político de um grupo que manipulava os mais pobres e governava apoiando-se na violência e no crime organizado.
Mesmo com a desonestidade ou esperteza de alguns, depois do movimento de Janeiro a cidade não foi mais a mesma, os governantes agiram com mais pudor ou cuidado no trato com a administração. E o mais interessante: a população descobriu que pode se levantar e tirar na marra quem usurpa o poder ou que assalta os cofres públicos não cuidando sequer dos serviços básicos do município. O legado do Movimento de Janeiro é de extrema importância para as novas gerações, quando vivemos um momento em que cada vez mais se exercita a democracia no país e se estimula a cidadania e a participação de todos nos destinos da nação, do estado, da cidade, do lugar em que vivemos. Não podemos esquecer das lideranças desse movimento - apesar que algumas delas depois foram participar do governo da intervenção e não se saíram muito bem no campo ético – que se arriscaram enfrentando ameaças de toda sorte e saíram para o convencimento popular em favor da revolta. O líder Ulisses Braga
Precisamos lembrar o líder do Movimento de Janeiro, o advogado Ulisses Azevedo Braga, falecido dia 30 de Janeiro 2011. Um homem de bem que depois em idade avançada resolveu voltar para sua cidade, Carolina, onde findou os seus dias militando na defesa do meio ambiente e voltado para suas reflexões espirituais. Outro líder do Movimento de Janeiro que já nos deixou foi o empresário Licínio da Rocha Cortez, falecido dia 24/08/2012.
Licínio Cortez Licínio, uma espécie de mecenas da cidadania, foi um dos primeiros a abraçar a causa do movimento, antes e depois praticamente sustentou com recursos próprios o Fórum da Cidadania, cedendo uma sala em cima da sede da Varig - onde hoje funciona a agência de viagens Vôo Livre -, angariando recursos com amigos em prol da causa. Outros líderes ou integrantes do movimento que também já partiram desta vida foram: o advogado Valdecy Rocha, vereador Simplício Zuza Neto, agrônomo José Cortez Moreira "Moreirinha" e o poeta Valter Rocha. Para que o movimento de janeiro de 1995 não seja apagado totalmente da memória da cidade, proponho: Um projeto - que enviarei como cidadão ao Poder Executivo ou à Câmara Municipal de Imperatriz -, propondo que o dia 18 de Janeiro seja todos os anos lembrado pela municipalidade como feriado municipal, além de criar uma placa a ser colocada na entrada da prefeitura de Imperatriz lembrando a data, assim como consta lá no palácio municipal uma placa colocada pelo interventor Dorian Menezes quando vereadores de Imperatriz tentaram tomar a prefeitura, um ano após a intervenção. Proponho ainda ao prefeito Sebastião Madeira que (in)memorian, seja concedido este ano por ocasião do aniversário de Imperatriz, a comenda Frei Manoel Procópio ao líder Ulisses Azevedo Braga. O empresário Licínio Cortez, ainda em vida foi homenageado mas por motivos pessoais que não cabe aqui relatar, recusou a honraria. Em outras datas vindouras outros membros vivos ou mortos do movimento poderão ser homenageados. A quem interessar possa: Se encontra em meu poder um grande acervo histórico do Movimento de Janeiro - em fotos, áudio, vídeo e recortes de jornais - a mim confiado pelo saudoso Ulisses Braga, além de outros documentos históricos juntados por mim durante esses anos. Esse acervo não me pertence, é da cidade de Imperatriz. Estarei em breve criando o Núcleo da Memória Política de Imperatriz e do Maranhão do Sul, entidade que deverá reunir esses e outros documentos históricos que por acaso sejam reunidos daqui pra frente, editando livros, biografias etc. (clic nas fotos para melhor visualização).

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