19/08/2012

A campanha "Brasil está com Chávez"


Por Altamiro Borges

Do sítio do Centro de Estudos Barão de Itararé:

Em debate com o embaixador venezuelano Maximilien Arveláiz, ocorrido nesta quinta-feira (17) em São Paulo, veículos da mídia alternativa brasileira e representantes de movimentos sociais discutiram a construção de uma rede de comunicação para a campanha Brasil Está Com Chávez. A proposta é criar um contraponto midiático no país, frente à campanha aberta que a grande imprensa brasileira faz contra o presidente venezuelano.


A ideia do movimento é produzir conteúdos – em texto e multimídia – com a participação de artistas, personalidades políticas e lideranças de movimentos sociais, a serem divulgados no Brasil e enviados ao país vizinho. A campanha ainda tenta viabilizar a formação de uma comitiva de jornalistas brasileiros para atuar na Venezuela durante o período eleitoral, com a missão de alimentar a mídia alternativa brasileira.

Os mais de 50 presentes puderam compartilhar experiências e ideias como forma de contribuição e construção da campanha. Além de sítio oficial e equipe de comunicação própria, Brasil Está Com Cháveztambém marca presença no Twitter e no Facebook, com a intenção de disseminar informações entre a blogosfera brasileira. Haverá, também, um tuitaço nacional e um tuitaço mundial, a ser organizado pelos venezuelanos, que ainda serão anunciados oficialmente.

A situação da eleição na Venezuela

Arveláiz expôs a situação política do país aos brasileiros, evidenciando a atuação da mídia em prol do candidato da direita, Henrique Capriles. Apesar disso, ele garante que “as pesquisas de intenção de voto apontam um índice de 57 a 60% de votos para Chávez, sendo que as fontes são as mesmas da grande imprensa”.

Segundo o embaixador, a parcela da sociedade que não declara apoio a nenhum candidato, em sua maioria, tem grande simpatia por Chávez. “Há um reconhecimento dos processos de transformação social pelos quais o país passa”, diz. A direita, em sua avaliação, está desarticulada, principalmente após o ingresso do país – dono da terceira maior economia do continente – no Mercosul. “Eu diria que nem eles têm grandes expectativas de vencer a eleição. O Mercosul foi um ‘golaço’ para nós. A única arma que restou a eles foi a doença do presidente, mas não diz muita coisa, pois ele se recupera incrivelmente bem”.

Para o embaixador venezuelano, é fundamental que a diferença de votos entre Chávez e Capriles seja grande. “Se Chávez ganha com 52, 53%, a imprensa e parte da direita surgirão com teses de fraudes eleitorais. Criarão um clima de ingovernabilidade. A campanha quer ir além dos 60% dos votos totais”, afirma.

O jornalista Max Altman ressaltou a transparência do processo eleitoral venezuelano. “O chamado voto ‘biométrico’ é o melhor sistema eleitoral do mundo, já que o eleitor é identificado pela impressão digital, vota em uma sala e cabine específicas e recebe comprovante do voto com o nome do candidato escolhido. Após isso, deposita o comprovante na urna e ainda mergulha os dedos em uma tinta indelével, que impede possíveis tentativas de um eleitor votar mais de uma vez”.

Quanto à atuação dos grandes meios de comunicação privados do pais, tanto Altman quanto Arveláiz destacaram que estes cumprem um papel bastante claro na política venezuelana. “Todos sabem como age a grande imprensa venezuelana, apesar do barulho que é feito sobre ‘censura’ e ‘controle da mídia’”, afirma Altman. Segundo Arveláiz, 80% do espectro radioelétrico do país é privado e os canais estatais não têm a mesma capacidade de alcance que esses veículos. “Há, inclusive, sabotagem de cabeamentos dos canais do governo”, acrescenta o embaixador.

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