20/06/2012

Acampamento Cipó Cortado – MST

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Assentamento Cipó Cortado (8)
           ”Neste sábado, 16, visitamos o Assentamento Cipó Cortado, que fica a 60 km de Senador La Roque. Na van da UEMA, estudantes de História da disciplina Movimentos Sociais, ministrada pelo professor Renan Chaves, Daniel Sena, autor do ensaio fotográfico, Nava, o motorista que nos alegrou com seus merengues e eu que, por acidente, tive que guiar a viagem por uma estrada que só havia trilhado uma vez.
               Em três horas, o medo de ter ido pelo caminho errado foi derrotado pelas barricadas do MST quemarcam a entrada do assentamento. O grupo de homens que faziam a vigília já nos esperava e fomos encaminhados para a antiga sede da fazenda Cipó Cortado, que hoje funciona como escola e local de assembleia todos os domingos, às 14 horas, para debate, avaliação e votação de assuntos pertinentes à comunidade.
           Essas terras, marcadas por um forte desmatamento, pertencem à União. Na década de 1960, no entanto, um homem respondendo pelo apelido de Mineiro, se achou no direito de grilá-las para aumentar seu patrimônio, que contava com mais cinco propriedades só no Maranhão. Em 2000, o MST entrou com um pedido para que o INCRA recuperasse a área e, em 2006, começou a ocupação feita por pessoas vindas de Buritirana, Amarante e Senador La Roque.
                 Nestes seis anos, os trabalhadores, além de plantar suas roças e hortas para se alimentar evender as mercadorias na cidade, têm de viver sob tensão ocasionada pela ameaça de pistoleiros e pela intervenção de um juiz que já foi realocado por responder, em outra cidade, por um processo de trabalho escravo em suas propriedades. Próximas de receberem 2849 hectares, as 150 famílias (média de 700 pessoas), são marcadas pela luta por um bem que lhes pertence, mas que pode lhes custar suas vidas.
                    Abandonados pela sociedade e pintados pela mídia como os grandes vilões da história, assentados como os de Cipó Cortado, são cidadãos sem acesso à saúde, à educação, à transporte (a passagem é de 12 reais até Senador La Roque, com acréscimo de taxa para cargas). São pessoas sem sobrenome e, se assim permitirmos, sem vida, apesar de tanta vivacidade ali encontrada. São pessoas sem sobrenome que, ao contrário da maioria de nós, já deram o passo essencial para a mudança concreta, sem o qual todos os outros engatinham. Pessoas de codinome Consciência.”
Texto: Juliana Carvalho
Jornalista

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