28/05/2012

FlavioDino no JP: Para que todos ganhem

Do blog de Frederico Luís
Flávio Dino, Jornal Pequeno

presidente Dilma fechou um acordo importante com os hotéis do Rio de Janeiro para a realização da Conferência Rio+20, sobre meio ambiente, que ocorrerá em junho. O encontro abre o ciclo de megaeventos que o país sediará, recebendo depois a Copa das Confederações, a Jornada Mundial da Juventude, a Copa do Mundo, os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos.

Esse ciclo é uma oportunidade única de exposição da imagem do Brasil no exterior. Bilhões de notícias serão geradas em todo o mundo sobre o nosso país e, obviamente, sobre nossos destinos turísticos. Esse fato permite à Embratur planejar que, com essa megaexposição associada ao nosso trabalho de divulgação do país no exterior, poderemos atingir a meta de dobrar, até 2017, o número de estrangeiros que vêm ao país – chegando a 10 milhões de turistas por ano.

Diante da amplitude dessas oportunidades, não podemos concordar que alguns tenham uma visão curta e gananciosa. Não é correto pretender aumentar arbitrariamente os lucros nos poucos dias dos megaeventos, a começar pela Conferência Rio+20. Assistimos a esse equívoco, com a cobrança de tarifas abusivas – por parte de alguns hotéis e da empresa operadora. Em alguns casos, hotéis de categoria três estrelas estavam cobrando o equivalente ao que hotéis de luxo em Londres estão cobrando para o período dos Jogos Olímpicos de 2012.

Alguns chegaram a tentar naturalizar a prática, afirmando que esse era o preço cobrado pelos hotéis do Rio nos períodos de Carnaval e Réveillon. Contudo, nesses períodos o turista pode escolher se quer ou não pagar os preços oferecidos, e se prefere passar Carnaval e Ano Novo em outros destinos turísticos. No caso da Rio+20, delegações, jornalistas e militantes interessados em participar dos debates sobre economia sustentável não têm outra opção.

Precisamos ter claro que preços exorbitantes no setor de comércio e serviços poderão matar a galinha dos ovos de ouro. O Brasil vai receber, sim, um grande número de turistas internacionais durante o ciclo dos megaeventos. Mas o país tem que estar vigilante para não ficar marcado como um destino caro. Uma imagem negativa como esta levaria décadas para ser revertida, anulando o legado de imagem que podemos e devemos perseguir juntos (governos, empresários e trabalhadores).

Foi por isso que, na organização da Rio+20, a presidente Dilma determinou um conjunto de ações preventivas e corretivas, coordenadas pela ministra Gleisi, e com a participação da Embratur. Apelamos para o bom senso e a necessidade de gerar uma imagem que renda ganhos duradouros, para todos. A operadora contratada e os hotéis aceitaram o acordo proposto, resultando em uma redução de pelo menos 25% no preço final da tarifa cobrada das delegações. Reconhecemos publicamente essa compreensão do setor privado, que inclusive servirá de modelo em outras cidades, quando de outros eventos.

O governo federal vai acompanhar de perto os preços praticados pelos hotéis durante a Rio+20. Vamos iniciar em breve pesquisas semanais de preços, comparando os 10 maiores destinos turísticos brasileiros com 10 cidades de referência no mundo, em todos os continentes. Essa é uma defesa que faremos da imagem das cidades e também do Brasil como destino turístico. Com efeito, de nada adianta investir milhões em publicidade e não oferecer preços competitivos e serviços de qualidade. Assim enxergamos a missão de promoção turística internacional que cabe legalmente à Embratur.

Para alcançar nossos objetivos, continuaremos usando o caminho da negociação e das parcerias, como fizemos com grande sucesso. Mas também não abriremos mão de utilizar, se necessário, os instrumentos de combate a eventuais práticas abusivas que nos são garantidos pelo Código de Defesa do Consumidor e pela Lei de Defesa da Concorrência.

O governo almeja que os megaeventos representem um ganho de projeção para todo o país e, portanto, um ganho econômico para toda a população, sobretudo por meio do turismo. O investimento público, oriundo dos impostos de todo o povo brasileiro, que está sendo feito em obras para garantir a realização dos eventos, não pode ser convertido no ganho de poucos. Evidentemente a lei da oferta e da procura conduz a um realinhamento de preços, mas isso deve ocorrer sem sacrificar o grande esforço nacional, pois só assim teremos um crescimento sustentável do turismo brasileiro.

Assim como tenho me empenhado para garantir esse saldo positivo em âmbito nacional, espero que nosso estado também seja capaz de aproveitar essa oportunidade. Com tantas belezas naturais e culturais, será mais uma oportunidade perdida (mais uma!) se o governo do estado e as prefeituras não souberem aproveitar os potenciais turísticos do Maranhão.

Nota do Jornal Pequeno: Flávio Dino, 43 anos, é presidente do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), foi deputado federal e juiz federal

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