24/06/2011

SOBRE MINISTRAS E ESCÓRIAS

Texto de Alice Pires postado no facebook de Conceição Amorim


Pelos Tambores de São Luís!!!! Nunca na história desse estado, o povo da “Casa Grande” tinha sido tão humilhado pelo povo que durante anos pereceu nas senzalas. A governadora Rosengana, que prefere ser chamada de A BRANCA, com sua costumeira inércia, nunca quis nem ouvir falar em movimento social, fosse ele branco, negro ou indígena. Agora então, se vier acrescido do nome quilombola. Manda pro tronco!!!

Primeiro, os negros resolveram acampar na porta do usurpado palácio no dia do seu aniversário e ousaram na madrugada acordar a filha do coronel, com um parabéns diferente das babações costumeiras e esperadas. “Parabéns pra você, nesta data ferida, nessa calamidade em tirar-nos á vida. Hoje é dia de festa no palácio real, rosengana ilustra, sua cara de pau.” Nem as ameaças dos guardas palacianos conseguiram parar a “homenagem” que continuou até surgirem os primeiros raios solares.!!

Não satisfeitos, e cansados de verem seus parentes enterrados e sofrerem ameaças todo dia santo e todo santo dia, ocuparam a sede do INCRA, fizeram greve de fome e só encerraram quando a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, agendou uma reunião com eles para o dia 22 de junho, dentro do próprio INCRA, para assim ouvir suas denúncias e discutir sua pauta de reivindicações.

A Branca quando soube que os negros conseguiram o que ninguém mais conseguiu: trazer pro estado uma comitiva do governo federal que incluía 3 ministras, o presidente do INCRA Nacional, e o presidente da Fundação Palmares, tratou logo de espalhar aos quatro ventos e colocar manchete em seu jornal dizendo:

“ Ministras vêm ao estado conhecer as ações do governo para os quilombolas”. Que ações? Se perguntava um povo perplexo!!

Mas ela não contava que o movimento voltara mais forte, agora em vez de uns 200 quilombolas, chegam na madrugada, mais de mil negros oriundos dos mais diversos remanescentes quilombos do Maranhão e ocupam novamente a sede do INCRA. Sabendo disso, as ministras deram prioridade ao direito daqueles humanos e a igualdade racial e antes de irem ao encontro da Branca foram direto encontrar-se com os negros. Acordo fechado, compromisso assumido, os negros aguardavam, as ministras foram!!!

Maldição!! Desrespeito!! Ecoavam os gritos de uma Roseana totalmente entregue ao seu já conhecido descontrole emocional em face de qualquer que ouse contrariá-la.

Acostumada a tratar todo mundo na chibata, a filha do coronel bateu na mesa, esbravejou e botou pra fora todos os seus palavrões conhecidos e outros inimagináveis...

Afinal, ela tinha colocado roupa nova, chamado á imprensa, se preparado pra impressionar e se os negros estavam exaustos da viagem cansativa, que esperassem mais, afinal, ela também estava, passara o dia no salão fazendo os cabelos e estudando um jeito de fazer a cabeça das ministras....

Diante da notícia da reunião ressoando pela capitania, apavorada e num acesso de raiva enviou o que havia de pior na feitoria, o seu feitor, deputado Chiquinho Escórcio, vulgo Chico escória, que saiu como um raio, todo ofegante adentrou a reunião dos negros como um capitão do mato, abrindo caminho em um auditório lotado, dirigiu-se até à mesa repleta de autoridades, e exigiu que seu nome fosse anunciado e que lhe dessem imediatamente à palavra para que ele pudesse lembrar quem é que manda aqui e assim colocar todo mundo no seu devido lugar! Melhor seria que ele tivesse ficado em casa estudando um novo método de babação, para aprimorar seu ofício. Com um auditório já inflamado ao ter que dividir o mesmo espaço e respirar o mesmo ar com um representante da pistolagem, ao ouvir o nome de Chiquinho escória, o auditório veio abaixo numa sonora vaia, e gritos de Fora Sarney e fora pistoleiro!!

Em meio à perpexlidade de alguns, olhares constrangidos de outros, alguém pega o microfone e tenta calar a multidão e dar continuidade ao evento, mais os negros rufando alto seus tambores e aumentando o som das vaias, só param quando não vêem mais a escória que se abaixa e se esconde entre a multidão, não antes de ameaçar os assessores das ministras com gritos de “vai haver retaliações”. Quantos anos levará para ele esquecer aqueles minutos??? Terá se “borrado” de novo, como fez literalmente quando abordado pela polícia ás margens do Rio Poty, onde chorou e se “borrou” lembrando da prisão???

Á tarde, quando enfim às ministras que não disseram ‘Oi” foram dizer “Tchau”, sentiram na pele a hostilidade com que é tratado o povo maranhense por parte de uma oligarquia que transformou o Maranhão numa capitania hereditária, trata o povo como se escravos fossem e vêem o Maranhão como uma grande senzala. Encerro aqui, lembrando a música dos bravos negros que ainda ecoam nos meus ouvidos: “Aê! Meu pai quilombo, eu também sou quilombola, a nossa luta é todo dia e toda hora’!!!!

Um comentário:

  1. Anônimo14:28

    Nesses instantes de revolta do povo é que me orgulho de ser maranhese. Porque a maioria das vezes fico triste e envergonhada de ver que a família Sarney ainda nos governa.

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