17/06/2010

A BATALHA DE MANÉ EM POESIA DE GILDOMAR MARINHO E CEZAR TEIXEIRA

Do blog de Zema Ribeiro

A BATALHA DE MANÉ

Nascido em Santa Inês, na região do Pindaré, Gildomar Marinho é bancário e músico, não necessariamente nessa ordem. Artista multifacetado, lançou Olho de Boi, seu primeiro disco, em 2009. Está em Fortaleza/CE, onde ora reside por conta do ofício de bancário, em estúdio gravando Pedra de Cantaria, a ser lançado ainda este ano.

Entre as faixas deste segundo trabalho, Batalha do Cerrado, tributo a Manoel da Conceição, com música e letra bastante elogiadas pelo pequeno círculo que tem tido o privilégio de ouvi-la antes de seu lançamento (a faixa já pode ser ouvida e baixada em seu myspace). [Nota do blogue: a música foi composta antes da patacoada do diretório nacional do PT e de mais este ato de bravura de Manoel da Conceição]

Se o compositor já conhecesse a decisão do diretório nacional do PT, que oPTou, no último dia 11 de junho, por entregar o partido no Maranhão à governadora biônica, filha do presidente (do senado), certamente teria acrescido aos versos-pergunta “Me diz, ó Mané.../ o que é que tu quer?” o verso-resposta “Que o PT não se entregue para o coroné”. (Zema Ribeiro)


BATALHA DO CERRADO

Gildomar Marinho

Mané anda lento
Mané vai à roça
Mané vai à luta
Mané filosofa:

Um boi, dez posseiros
Um dono, mil bois
Na luta por cerca
Não sobra pros dois

Mané fez da perna
Uma queda de braço
Um dedo em riste
Ao rei do pedaço

É da Conceição
De tantas Marias
Mané rebeldia
Mané liberdade

Mané foi chamado
De vil comunista
Mané natureza
Mané humanista

Mané quer os meios
De o pobre ser rico
De muita cultura
Pro Zé e pro Chico

Me diz, ó Mané
O que é que tu quer...

Comida pro Chico
Cultura pro Zé

Farinha de puba
Beiju e café

Futuro pro povo
La no Pindaré

A mata nativa
Do cerrado em pé

Piaba no fogo
Pimenta e chibé

Em noite de lua
Um bom cafuné



para o líder camponês Manoel da Conceição)


Cesar Teixeira



Já não há sinais de pólvora

escurecendo a tua vida,

mas ainda há na alma

alguma bala escondida.


Cicatrizaram os sinais

de encobertas torturas,

porém na alma ainda sangra

a flor nascida em clausura.



Amputaram em tua perna

o rastro que ela escondia,

não a classe dentro dela

que a si própria recria.


E apesar desse vazio

de cinza na madrugada,

logo brotará manhã

tua alma incendiada.


Te saúdo, companheiro,

e bebo na taça da aurora

em que te ergues inteiro

para todo o sempre e agora!

Um comentário:

  1. Paulo Maciel21:05

    Essa eu conheço... obra que marca o talento de meu amigo Gildomar...

    tambemmm vou mandar uma que fiz p MANÉ...

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