na folha de São Paulo
Ícone da historiografia de esquerda, o britânico Eric Hobsbawm não perdoa: para ele, o principal efeito da queda do Muro de Berlim, em 1989, foi a desestabilização da geopolítica mundial em prol da única superpotência remanescente -os EUA.
Como consequência, o mundo se tornou mais perigoso.
Em "A Era dos Extremos" (Cia. das Letras), ele já defendera os desdobramentos da queda do muro como cruciais para o século 20. Mais do que isso: cruciais para encerrá-lo antes da hora. Daí o termo que cunhou, "breve século 20".
Já do ponto de vista econômico, Hobsbawm afirma que o pós-1989 levou a um recorde de desigualdade social nos países da antiga Cortina de Ferro -termo que designava, durante a Guerra Fria, os países comunistas europeus sob influência soviética.
Sobre Berlim, cidade que cristalizou a derrocada da velha ordem e o início da nova, o pensador se mostra decepcionado, na entrevista que concedeu por e-mail à Folha.
Apesar de haver se tornado a capital do Estado mais rico da União Europeia, Berlim não se tornou a virtual capital da Europa -como se esperava 20 anos atrás- nem ficou à altura de seu glorioso passado anterior à ascensão do Terceiro Reich (1933).
Coerente, Hobsbawm vê a crise financeira que assolou os mercados financeiros em 2008 como o "Muro de Berlim do neoliberalismo". Ele detecta nesse aparente revés capitalista a possibilidade de rearticulação do pensamento de esquerda -mas desta vez, alerta, em bases "mais realistas". Assinante do jornal leia mais em: O muro interior.
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Semana passada perdemos Claude Lévi-Straus, mas ficamos com a herança de um pensamento brilhante. Hoje publico essa belíssima análise de Hobsbawm, que já está velhinho, mas que nunca morrerá.
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